terça-feira, 25 de novembro de 2008

Só mais 2 semanas

Não vá morrer na praia!

Esfriou. Me pergunto que tipo de pessoa anda gritando sozinha na rua lá pelas 4 horas da manhã. E discursando: nada feliz mas também nada prevendo um destino agonizante. Será que vale a pena gritar algo sem função determinada, tirando a vontade de gritar? Eu ouvi, escutei mesmo, acho que funcionou.

E te respondo, viu.
A gente vai ver mesmo. Eu, você, todo mundo vai ver o que quiser e o que não quiser também. Eu vejo um caminhão de lixo lá na rua só prestando atenção no vhmmm da compactação de um monte de coisas jogadas fora, das coisas que dizem que não prestam. Já me disseram que eu não presto e nem por isso vou me convencer de que meu lugar neste momento é lá fora.

E olha que quase sempre dizem que o lugar dessa gente é dentro de alguma coisa, da cadeia, da PQP, do inferno, do hospital, da igreja. Se é assim mesmo, por que jogar fora o que não presta?
Não estoure bolhas nem mije mais, quarde tudo, nunca se sabe quando vai precisar do quê não presta.

E faz um favor, ta na hora de voltar pra casa, se guarda. Pois concluía agora que nem adianta gritar o óbvio mesmo. A gente vai ver.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

3 Semanas

Que mais parecem 3 meses. E o com o quê 3 meses se parecem? Eu só consigo pensar em uma luminária esférica de barro com um abajour de cone em cima. A luz era fraca e amarelada, onde ele foi parar?

Aquele abajour não durou só três meses, mas me gratificou com uma boa luz na minha infância, ele disputava o espaço com o movimento constante colorido e frio da televisão ligada por horas a fio durante a noite na sala escura e uma figura próxima e constante dormindo exausta no sofá. Esse sofá era coberto por um pano meio colorido que ficava até morno diante do ambiente cinza que servia de campo de batalha, mas eu só via de relance.

Passava descalço mesmo, desligava as luzes, passava o trinco na porta bem quieto, preparava tudo em silêncio pra não acordar quem eu despertaria um minuto depois, para que pudesse dormir em um lugar melhor. Pro dia seguinte começar terrivelmente amargo de novo e de novo, e pra noite ter um silêncio zumbido.

Esta é a minha distância de 3 meses, pra muitos alguns anos. Portanto as últimas 3 semanas se arrastaram. E até que tudo acabe, tenho mais 3 pela frente. Um cheiro de futuro cheio de perduro, agora em outro lugar, fechando a casa de noite e evitando ver ela despertar amarga de novo e de novo.