"Minha Última Noite Como Estrangeiro"
"Depois de alguns dias ressecados e noites mal dormidas eu não conseguia mais raciocinar com a mesma sagacidade de antes. Havia sido cuidadosamente surrado e moldado durante os meses que antecediam minha fuga pelo único pensamento de me vingar, mas caminhar pelos ermos desconhecidos e áridos acabou afetando tudo o que eu pensava ou percebia à minha volta.
Eu corria com o sol nas costas e dormia quando conseguia abrigo, durante os picos de luz. Me distanciava cada vez mais do extremo Leste e me sentia cada vez mais livre, o que realmente incomodava era a preocupação coms os que deixei para trás que não deixava minha alma.
Certa noite fui obrigado a me entranhar em uma caverna na rocha por causa do frio, nem os ratos noturnos tinham coragem de botar seus narizes para fora da toca e eu já conseguia ver o calor do meu estômago saindo pela minha boca. Aquela abertura não era nada profunda, parecia um pequeno caixão quando entrei na fissura rochosa e por isso fiquei com o rosto ao luar, vendo as estrelas tentando direcionar minha andança quando acordasse.
Pouco antes de dar a última piscada antes de dormir eu ouvi. Digo ouvi pois quando se está no deserto o que se tem a escutar são apenas os ruídos que nós mesmos fazemos e o vento. Pois ao longe no vale eu ouvi um ranger de madeira, alguns cascos de cavalos carregados e de repente tudo aquilo não era mais deserto. "
- Sh´Quan, Grãos do Leste
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
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